terça-feira, maio 27, 2008

Paragem

Paragem

Partiste num autocarro para lado nenhum, viajei ao teu lado, no mesmo banco, partilhamos paisagens gostos e desgostos, trocamos expectativas e sonhos. Corremos quilómetros em poucos segundos e desfrutamos de alguns metros durante horas a fio. Viajei ao teu lado sem comprar bilhete e a fugir ao pica, trocamos cumplicidades a cada novo destino e abraçados enfrentamos os solavancos próprios de qualquer viagem. Um dia, e há sempre um dia... Mandaste-me sair, disseste que voltavas, e eu como sempre fiz te a vontade. Disse te que esperava por ti todo o tempo que conseguisse, e esperei, olhei o chão com os olhos baixos e lavei o rosto com o sal das lágrimas que cairam por ti! enfrentei cada momento como se de uma hora se tratasse, cada hora como um dia e cada dia como um ano. Esperei por ti como se espera por o nascer do sol .
A minha pele foi forjada no sol de cada verão e temprada na agua de cada inverno... endureci! um dia (ou uma hora, ou um minuto.. pouco importa!) olhei e era primavera o Sol acariciava me a pele e o vento afagava me o cabelo. Ao longe vi o teu autocarro a chegar, aguardei... entrei só para te dizer que afinal ia de taxi, e que te desejava todo o bem deste mundo e as melhores viagens do universo ao lado de alguem que goste de ti como eu já gostei. Desci do teu autocarro... desse que vai para lado nenhum. E fiquei a velo partir e a desejar que te leve por os lugares mais bonitos do mundo.

Banda sonora: Clã e Sérgio Godinho - Dias úteis

quarta-feira, maio 14, 2008

Busca

Procurei!
Toda a vida procurei o olhar de uma menina no rosto de uma mulher.
Corri os campos cinzentos dos adultos á procura de uma pincelada de cor. Dessa cor que encerra em si todas as cores do arco-íris!
Tomei o assunto em mãos próprias peguei no pincel e tentei escrever aromas de alegria, em campos onde só habitava a indolência. Procurei colorir de juventude, olhares onde só morava o espectro da velhice... dessa velhice nada sapiente que se instala nos que desistiram de viver mal largaram os cueiros.
Parei, e ao respirar fundo, no hiato entre a chegada e a partida, senti um aroma que apesar de não me ser estranho, se apresenta como novo... como uma lufada de ar fresco, enches os meus sentidos de uma jovialidade que nada tem de nova, mas que é uma completa descoberta.
Afinal, encontrei-te à tanto tempo, sem te procurar. Sempre aí estiveste e eu nunca te tinha visto.

Só espero que os teus olhos nunca percam esse brilhar que os tornam únicos!

Banda Sonora: Kim Cranes - Bette Davis Eyes