quarta-feira, outubro 29, 2008

Nebelina


A neblina que a noite trouxe, trouxe-te para o pé de mim. Chegaste num andar ondulante, o teu olhar vibrante fulmina o meu peito e o meu coração começa a bater mais forte….
O vestido que revela e esconde as tuas coxas deixa antever um corpo escultural. O cabelo apanhado de forma austera, contrasta com o generoso decote que me leva a viajar por montes e vales, só por olha-lo. Aproximas-te de mim e depois de um longo osculo segredas me ao ouvido
“Está tudo perfeito!”
Apoiado numa calma aparente avanço confiante para a sala onde te tomo nos braços e ao som de uma balada intemporal te levo a dançar… lentamente, muito lentamente… a proximidade do teu corpo e o aroma do teu perfume começam a mexer comigo; Sinto o calor a aflorar me as faces, e quase sem querer mas com toda a intenção do mundo olho te nos olhos e beijo-te intensamente! Puxas-me mais para ti e agarras as minhas nádegas com força. Eu perco a minha boca nos teus lábios e faço a minha mão viajar pelas tuas coxas pelas tuas costas e pelo teu peito. A temperatura sobe, desaperto o teu vestido e faço descer as alças desnudando o teu peito….
… por um segundo tudo para… a terra deixa de girar…e o meu coração deixa de bater… com um gesto maroto e carregado de sensualidade, juntas os teus peitos um ao outro e sussurras
“ – Anda, são teus…”
Acaricio os teus seios com os meus lábios, e devoro os teus mamilos com a minha língua, o sangue corre mais á flor da pele, tu deixas as tuas mãos correr pelo meu corpo. Despes me a roupa com gestos que balançam entre o delicado e o bruto. Devoro as tuas orelhas e o teu pescoço enquanto te abandonas nos meus braços, pego em ti e suspiro, arrebatas me com o teu olhar! Carrego-te nos meus braços e deito te numa cama de rosas e sem pudor, descubro o teu corpo milímetro por milímetro, encosto o meu corpo ao teu, sinto o calor húmido o teu amor e o toque de cetim das tuas coxas. Passamos a ignorar as leis da física. O teu corpo e o meu corpo passam a ser apenas um. Entrego me todo a ti, acaricio os teus mamilos e é no meu peito que o sinto, cavalgas-me com uma força contida, num ondulado sublime que me incendeia de prazer, o aroma do teu amor misturado com o aroma das rosas, tudo me leva a lugares até agora desconhecidos a este comum mortal! Corremos quilómetros no corpo um do outro dando liberdade á paixão que nos une deixando-a crescer de forma incomensurável.
Sucessivas explosões de prazer acompanham a intensidade dos nossos movimentos, com uma mão perdida (que não sei se minha se tua) chegam á minha boca dois cubos de gelo que eu faço percorrer pelo teu corpo… o nariz… os ombros… os peitos… os mamilos… o umbigo… os lábios… o clítoris … as coxas… os joelhos… os pés… abandono o gelo entre os teus peitos e fico a ver te contorcer de prazer enquanto o gelo derrete e escorre pelo teu corpo. Devoro a tua vagina ao som dos teus gritos de prazer e penetro-te primeiro lentamente, depois com mais força e ainda mais força e ainda mais força até chegar a um movimento completamente selvagem, perdemo-nos no êxtase do momento… deito me ao teu lado e tento beijar-te. Já não estás, assim como a neblina que te trouxe até mim, assim te levou… abro os olhos e continuo sentado na varanda a tomar um banho de neblina.


Banda sonora: Bon Jovi - In these arms

terça-feira, maio 27, 2008

Paragem

Paragem

Partiste num autocarro para lado nenhum, viajei ao teu lado, no mesmo banco, partilhamos paisagens gostos e desgostos, trocamos expectativas e sonhos. Corremos quilómetros em poucos segundos e desfrutamos de alguns metros durante horas a fio. Viajei ao teu lado sem comprar bilhete e a fugir ao pica, trocamos cumplicidades a cada novo destino e abraçados enfrentamos os solavancos próprios de qualquer viagem. Um dia, e há sempre um dia... Mandaste-me sair, disseste que voltavas, e eu como sempre fiz te a vontade. Disse te que esperava por ti todo o tempo que conseguisse, e esperei, olhei o chão com os olhos baixos e lavei o rosto com o sal das lágrimas que cairam por ti! enfrentei cada momento como se de uma hora se tratasse, cada hora como um dia e cada dia como um ano. Esperei por ti como se espera por o nascer do sol .
A minha pele foi forjada no sol de cada verão e temprada na agua de cada inverno... endureci! um dia (ou uma hora, ou um minuto.. pouco importa!) olhei e era primavera o Sol acariciava me a pele e o vento afagava me o cabelo. Ao longe vi o teu autocarro a chegar, aguardei... entrei só para te dizer que afinal ia de taxi, e que te desejava todo o bem deste mundo e as melhores viagens do universo ao lado de alguem que goste de ti como eu já gostei. Desci do teu autocarro... desse que vai para lado nenhum. E fiquei a velo partir e a desejar que te leve por os lugares mais bonitos do mundo.

Banda sonora: Clã e Sérgio Godinho - Dias úteis

quarta-feira, maio 14, 2008

Busca

Procurei!
Toda a vida procurei o olhar de uma menina no rosto de uma mulher.
Corri os campos cinzentos dos adultos á procura de uma pincelada de cor. Dessa cor que encerra em si todas as cores do arco-íris!
Tomei o assunto em mãos próprias peguei no pincel e tentei escrever aromas de alegria, em campos onde só habitava a indolência. Procurei colorir de juventude, olhares onde só morava o espectro da velhice... dessa velhice nada sapiente que se instala nos que desistiram de viver mal largaram os cueiros.
Parei, e ao respirar fundo, no hiato entre a chegada e a partida, senti um aroma que apesar de não me ser estranho, se apresenta como novo... como uma lufada de ar fresco, enches os meus sentidos de uma jovialidade que nada tem de nova, mas que é uma completa descoberta.
Afinal, encontrei-te à tanto tempo, sem te procurar. Sempre aí estiveste e eu nunca te tinha visto.

Só espero que os teus olhos nunca percam esse brilhar que os tornam únicos!

Banda Sonora: Kim Cranes - Bette Davis Eyes

quarta-feira, abril 30, 2008

Longe e perto

Vivo neste dilema, o brilho dos teus olhos persegue-me de noite e de dia! Eu corro atrás de ti e tu foges sempre, eu paro e tu chamas... não sei se estou longe se perto, não sei onde estou ou onde estás... ando perdido... não tenho mapa que me valha, não tenho sistema de posicionamento global que me situe...
De repente tornou-se claro!

Estou demasiado perto para não ser teu
e tu estás demasiado longe para seres minha!

Então se um dia me encontrares com o rosto lavado em lagrimas, não penses que estou a chorar, é a chuva que de tanto fustigar o meu coração, transborda me alaga os olhos..